No CINE XANGAI não da para falar de cinema, abrindo mão da paixão. Emoção talvez seja um dos principais motivos para ele existir. Sendo assim, não mexeremos no texto do Tadeu Alcaide, primeiro, porque como sempre, esta muito bom! Segundo, porque a gente não gosta de cagar técnicas e “cunhecimentos” em cima de algo tão nobre como a emoção. Tadeu Alcaide, marido de Vivi, viu esse filme de hoje, usando o mesmo como xaveco para a então namorada (Ele não contou isso mas a gente entrega he he...) assistindo o líbelo em uma sessão num decadente cinema da baixada do glicério em sampa. Dado o amor, deu certo e até hoje estão casados e juntinhos.
E vocês acham que a gente vai tirar esse sentimento do texto? Nem fudendo!
Segue abaixo, na íntegra o texto de Tadeu Alcaide do ótimo blog Miscelanea Pop http://miscelaneapop.blogspot.com
Aproveitem!
NO PREGO: Agradecimentos pra láááá de especiais a Danny Boyle e a Dts. És um bandido do bem, Danny...
A primeira cena do filme já começa com a arrebatadora Lust for life, de Iggy Pop, enquanto dois jovens correm pelas ruas fugindo da polícia, com a seguinte narração em Off:
“ Escolha uma vida, escolha um trabalho, uma carreira, uma família. Escolha uma televisão grande, uma máquina de lavar, CD player, abridor de latas elétrico...
...Escolha saúde, colesterol baixo, seguro dentário, prestações fixas para pagar. Escolha uma casa, ter amigos, se masturbar num domingo de manhã, pensando na vida...E ficar vendo televisão, comer um monte de porcarias “
Logo, o narrador conclui seu raciocínio – “...porque eu iria querer tudo isso? Preferi não ter uma vida, preferi outra coisa...E os motivos? Não há motivos. Para que motivos quando se tem heroína?”
Pronto. Nos primeiros segundos de filme o diretor Danny Boylle já conquista o espectador.
Ele retrata um grupo de jovens escoceses faz uma jornada ao submundo das drogas em Edimburgo, a partir da figura central de Mark Renton (Ewan McGregor), que decide largar o vício da heroína.
Daí em diante, a história se desenrola em meio às desventuras de seus amigos. Os usuários de heroína são Sick Boy, um cinéfilo que vive fazendo citações de filmes e Spud, um tipo imbecilizado e ingênuo. Begbie (Robert Carlyle) é o truculento de pavio curto e Tommy é o atleta da turma que nunca se drogou.
Boylle conduz a trama de maneira genial. Diálogos envolventes, humor corrosivo, cenas surreais, momentos dramáticos e uma trilha sonora para lá de espetacular, com músicas de David Bowie, Brian Eno e Lou Reed, que nos brinda com “A perfect Day” inteirinha, numa das cenas de overdose mais inesquecíveis do cinema.
Enfim, Trainspotting é um Cult movie desafiador, sem ser moralista e mergulha na contracultura de uma juventude que vive sem limites, encontrando nas drogas uma fuga do marasmo de suas vidas vazias e da falta de sentido em suas existências.