Quando se pensa em cinema nos anos 70, não da mais para passar batido em um lance que marcou forte a industria da época. O primeiro sopro de independencia, o primeiro levante popular pra valer mesmo, dentro de um império que é a industria cinematografica:
A Blaxplotation.
Era uma época foda na America. Falamos de quando os EUA via os seus garotos perderem a juventude para voltarem da estupida Guerra do Vietnã como “veteranos de guerra”. Se já era duro pra todo mundo, imaginem para os garotos negros e pobre? Pois bem...
Alguns desses caras, cansados de tomarem resolvem se juntar para tentar algo com a real cara deles. Descolam um trocado, algumas vezes com os Panteras Negras, algumas vezes com os ladrão das quebrada, para fazerem o seu cinema. Então, os filmes de Blaxplotation eram produções onde havia negros relegados em outros trabalhos, em todas as áreas que envolvem a produção de um filme.
Diretores, atores, cameras, maquiadores, figurinistas... Todos negros. O ápice vem com SHAFT em 1973, onde a trilha sonora, de Isaac Hayes sai vecedora do Oscar daquele ano. E não foi só Hayes, que trampou nisso. Ron Ayers é o responsável pela sacolejante trilha sonora do filme de hoje. Falo de COFFY, o filme em cartaz no Cine Xangai...
Realizado no ano da graça e do cabelo duro de1973, a pelicula conta com a nossa deusa mor Pam Grier destilando safadeza no papel da enfermeira Coffy, que faz justiça pelas próprias mãos aos traficantes que deixaram sua jovem irmã em estado vegetativo.
A parada toda começa com ela se fazendo passar por puta para estourar um sem-mãe com um tiro de espingarda na cabeça. A coisa é braba e sobra pra um vigarista que faz às vezes de motorista do cafetão.
Em seguida, vem o contraponto, com a rotina comum de uma enfermeira boazinha que nem de longe lembra a destemida justiceira. Há o envolvimento de Coffy com o congressista Howard (Booker Bradshawn) - ativista negro que depois descobrimos ser um um belo de um filho da puta, e uma xamegação da gota, com o bondoso policial Carter (William Elliott).
Em busca do sucesso em seu mirabolante plano de vingança, ela vai fazer às vezes de uma das garotas do impagável e espalhafatoso cafetão George (Robert Doqui, o sargento de Robocop, lembra?!). George tem uma morte cruel, mas não sem antes estabelecer a relação da justiceira com o mafioso racista Arturo Vitroni (Allan Arbus) e seu inseparável capanga Omar (ninguém mais ninguém menos que Sid Haig).
Coffy tem uma edição ágil, personagens carismáticos e uma trilha sonora fodastica de RON AYERS. Anos 70 total! Impredível, nossa ode ao cabelo duro e chega de falação!
Bora assistir! Corri!