Uma
vez FRANÇOIS TRUFFAUT falou o seguinte sobre o filme Passaros do
mestre Hitchcock: “O cinema foi inventado para que semelhante filme
fosse feito”. Então já tamo pegando essa mesma frase para falar
de OS INCOMPREENDIDOS de 1959 do meeestreeeee FRANÇOIS TRUFFAUT
aqui, no Cine Xangai...
Todo fotografado em preto-e-branco, Os Incompreendidos acompanha o dia a dia de um pivete de 12 anos pelas ruas de Paris do ressaquento pós guerra, nos anos 50. Sempre fudido, se metendo em criacao jovem Antoine Doinel mata aula e mente que a mãe morreu, ergue um altar em honra de Honoré de Balzac e quase mete fogo na casa, rouba e se arrepende... Toca o satanás!.
O roteiro, do próprio Truffaut, em parceria com Marcel Moussy, não tem porra nenhuma de pieguice, não lambuza a infancia e nem trata criança como débeis; Tem todos os tons realistas, fortes, que marcariam a era que ficaria conhecida como Nouvele Vague, quando a França ousou ensinar ao mundo como faz cinema. Ganhou maior importancia devido a insitência de Truffaut no personagem.
O mestre que amava as crianças não gostava de admitir o quão autobiográfico era o seu primeiro longa-metragem. Afinal de contas, tal e qual o personagem Antoine Doinel, Truffaut teve uma infancia filha da puta; Amargou problemas com os pais, aplicou pequenos golpes e acabou confinado num reformatório juvenil.
Mesmo
assim, chegou a fazer do personagem Antoine Doinel e de seu
intérprete, o ator Jean-Pierre Léaud, uma espécie de alter ego.
Doinel, sempre interpretado por Léaud, voltou em outros quatro
filmes ao longo de 20 anos, num caso único de insistência no
triângulo diretor-personagem-ator: Antoine e Colette (1963),
Beijos Proibidos (1968), Domicílio Conjugal (1970) e O
Amor em Fuga (1979).
O
cineasta que ficou conhecido como O homem que amava as mulheres,
repetiria em uma dezena de outros filmes sua devoção
aos temas da infância e da solidão. Nós aqui, homens
bandidos que amamos o cinema, prestamos essa homenagem a você,
mestre soberano dos temas mundanos.
Os
Bandidos do Cine Xangai estendem o tapete vermelho, recém roubado a
você Truffaut; Pó chegar.
E
eu corri...