terça-feira, 6 de julho de 2010

SHADOWS - 1959


Bem, um cinema de Bandidos que se preze tem que honrar aos seus antes de se degenerar. Ou que degeneremos todos juntos. Não sei... Fato é que, quando esse cinema precisa de um pouco de... classe, eu venho até aqui. Afinal de contas pra ser frente do que quer que seja, se faz necessário ter alguma elegância. Não que meus bandidos não façam bem o serviço mas faço questão de falar do sujeito hoje em questão e seu filme.


SHADOWS é a película em questão e John Cassavetes é homem em questão. Vejamos como ele chegou em minha bandida vida...


Foi difícil descobrir John Cassavetes como diretor. Lembro que já o conhecia, como tudo mundo: ator de “O Bebê de Rosemary” e do subestimado “Os 12 Condenados”, do mestre Robert Aldrich. Era impossível imaginar aquele simples ator, não tanto expressivo, como um dos maiores talentos do cinema independente norte-americano.


O caminho que encontrei para descobri-lo, lá por 2005, foi uma fixação pelo ator Peter Falk, por causa da série Columbo e pela minha enorme surpresa em vê-lo diferente no “Asas do Desejo” do Wim Wenders. Foi assim que cheguei a títulos como “Uma Mulher Sob Influência” e “Maridos e Esposas”, dirigidos por Cassavetes. O problema é que eu não conseguia assistir de jeito nenhum. Nem a Internet e sua quase infinita oferta me ajudava a encontrar qualquer obra do diretor. A coisa piorou quando folheava um desses livros de listas de filmes essenciais do Roger Ebert e lá estava “Uma Mulher Sob Influência”.


No finalzinho de 2006, em dezembro, acho, almas diabolicamente santas trouxeram para o CCBB do RJ a mostra “Faces de John Cassavetes”. Era época de vestibular, eu tava fudido, mas mesmo assim resolvi secar minha curiosidade e assistir o máximo que pudesse. Na primeira sessão, peguei “Too Late Blues”(61) e saí da sala frustrado. Esse é o tal do “gênio” que andam falando? Na seqüência, foi exibido o “Minha esperança é você” (63) e, caralho, quase fui embora pra casa. Dramalhão com Burt Lancaster não rola, vai tomar no cu. Por sorte, não desisti da oportunidade e pude descobrir que esses dois são os “exemplos menores” da obra de Cassavetes.


Na seqüência, “Uma Mulher Sob Influência” me deixou na merda. Eu realmente demorei pra entender a “lógica” daquilo, a fluência daquele filme totalmente diferente que tinha acabado de ver. Tive a chance e a sorte de devorar toda a obra do diretor naquela semana.


Em 2007 e 2008, o grupo Estação aqui do RJ lançou as mesmas cópias da mostra em cartaz. Eu pude rever “Shadows” e “Faces” na minha salinha favorita, que fechou, no Paço Imperial. Enquanto isso, tornava-se mais fácil encontrar a obra do cara na Internet, com legenda e o escambal. Os dvds da Criterion já circulavam pelo eMule, o fórum Making Off e o Movimento Cinema Livre já faziam projetos de legendar e organizar pra download a filmografia do cara. Santa descoberta, Batman! Esse é um exemplo de como as coisas funcionam, de como os produtores culturais, cineastas ou simples cinéfilos se cruzam em torno de uma “descoberta” compartilhada.


Shadows


O filmes para hoje é o primeiro de John Cassavetes. Como bem avisa no final, “Shadows” é um filme improviso feito em 1959.


Se você procurasse o caminho óbvio da critica você iria ler que esse filme, conta a história dos irmãos Benjamin, Leila e Hugh; Benjamin, um sujeito mulherengo, puto e manguaceiro derrotado, irmão de Leila, que sem ter porra nenhuma o que fazer da vida resolve se apaixonar e Hugh, que tocava como Kenny G e queria ser visto como Coleman Hanwkins... Ambos, numa espiral de desgraceiras, amores, ilusões e mais outras frescuradas dos Beats perdidos na américa careta do pós guerra e blá, blá, blá mas que nada; Não somos óbvios, nós somos uns boçais como diria o outro...


Apesar de tratar de temas como racismo e romances, o ambiente Jazz dá o clima e o tom do preto-e-branco e da própria forma do filme. Em qualquer fala sobre “Shadows” a seguinte frase estará presente: é um solo de Jazz. E é isso mesmo.


A sensação que temos é da total liberdade criativa, sobretudo no cenário do final dos anos 50 nos EUA. Não tinha Nouvelle Vague, neguinho! Não tinha onda de subverter o cinema! É a década dos estúdios... e Cassavetes leva uma simples câmera pras ruas e faz acontecer. Faz um solo que a acompanha a cinza Nova York em fotografia chapada, marginal, mostrando sem sentido vidas sem sentidos!


Deixem fluir e apreciem.


E eu não corro. Quem o faz é meu Galaxy 500...



17 comentários:

Carla Argento disse...

Cara... Há tempos queria ver esse filme, MUITO MUITO OBRIGADA MESMO! Na faculdade tentaram fazer um ciclo dele mas ninguém sabia muita coisa. Será que podemos fazer a ponte e falar com vcs? meu email é:

argentoc@hotmail.com

Fico no aguardo. Grataaaa!

Roger disse...

Ahh ma me deu uma vontade aqui de ouvir todos os cds de jazz que tenho! kkkkkk Gostei pracas!R

Patricia - diadema disse...

Olá, acabo de ler a matéria de vcs aqui no jornal abcd maior e poxa que idéia ótima! Nunca eu poderia ver esses filmes se procurasse no cinema. Tem a programação completa?

obrigada

Silvana disse...

Oi, conheci o blog através de uja entrevista num jornal de São bernardo. Eu também estudo jornalismo na Methodista e queria saber se podemos nos falar. Essa iniciativa de vcs é inédita e muito legal!

Parabéns!

Cecilia disse...

olha eu tava muito afins de ver FACES mas quando li o texto ae do moço mudei de idéia feliz da vida kkkkk E agora eu ja meto o notebook no colo pra lá e pra cá, viciei neesse blog também.

Parabéns Bandidos

Ricardo Humanoide disse...

Salve Cox!!!...Legal a matéria no jornal ABCD,o Blog está excelenteºººBOA SORTE para todos comparsas envolvidos nesta empreitada Cine-delirante.

Roberto - Mauá disse...

Grande idéia essa de vcs. Que bom que lí o jornal e os descobri. Vcs são jornalistas no abcd maior ou de outro veículo? O blog ja favoritei aqui e queria saber de quando em quando tem filme novo. Não conhecia esse do Cassavetes, na verdade só tinha assistido um que chama Faces. Parabéns pela iniciativa!

Pedro Pellegrino disse...

Meu email é travisbicke@hotmail.com Abbraccio.

Erika disse...

Genteeeeeeee isso aqui é simplesmente fabuloso!! Agora nem vou mais perder tempo na locadora! Ligo o projetor na saída do note a familia toda fica feliz!! kkk
Ahhhhh... também quero receber noticias no meu e-mail!!

e.bresser@yahoo.com.br

valeu bandidos!

Renato disse...

Olá! Me chamo Renato e também moro no abc. Lí a matéria no jornal e gostaria de saber como faço pra fazdr parte dessa movimentação que ta rolando. Parabéns pela iniciativa!

Claudio Cox disse...

Olá Rapaziada!
Gostariamos de agradeçer a todos os leitores e agora espectadores dos nossos blogs...Agradecimento especial pra Marina(ABCDMaior), que escreveu uma matéria muito crasse "A" do Cine Xangai.
Olha só, pra contatos criamos um
mail:
bandidosdocinexangai@googlemail.com

É isso! Valeu!

Claudio Cox disse...

"Agradecer" desculpem o analfa aqui!

Bia disse...

ah eu queria agradee-los pois estou aqui num onibus pra São Carlos e na estrada, é uma delicia assisitr o Cassavetes aqui no meu notebook. Inclusive, tem mais gente fazendo isso no omibus., fiz mó propaganda!! kkkk

Rosana disse...

eee Lelo, ta arrebentando hein?? no que pese sua cara de mafioso "siciliano made in pno basco/bicheiro/jogo-do-bicho de rayban a matéria do jornal ta ótima e o blog ta lindoooooooo!!

Parabéns cabra bruto! kkkk

Gilmar - SBC disse...

Acabo de ler a matéria do jornal e fiquei bastante interessado. Como faço pra prticipar? só escrever pra esse email?

grato e parabéns!

Denis - Diadema disse...

porra parabéns pela idéia! Pirei mesmo na parada!

Claudio Cox disse...

é isso aí ...para receber as news do blog ..cadastro no email:
bandidosdocinexangai@googlemail.com

abraxxx